Estou perdendo minha memória. As coisas vão afundando, aos poucos. Cada dia mais para o fundo, cada dia mais turvas. Pesadas e inalcançáveis se misturam e se vão. Tudo se derrama no branco. Minha história se encerra. É o fim.
Felizes são os esquecidos! Eles esquecem seus equívocos. Felizes, esquecendo o mundo e sendo por ele esquecido. O passado sempre é um pé no saco, digo, sempre foi. Quantas vezes eu não quis esquecer. E você, nunca quis esquecer? Tentei muito e agora já não tenho escolha; tento com todas as forças lembrar. Já não posso fingir que não vejo, me vão todas as coisas; boas, ruins ou simplesmente vulgaridades.
Aos meus amigos, sinceras desculpas.
Amigos, eu nunca mais vou ligar. Eu não lembrarei seus telefones, não lembrarei seus nomes. Não lembrarei seus rostos. Caminharei na rua, a ao nos vermos, continuarei meu caminho. Seremos estranhos. Às vezes somos estranhos para nós mesmos, eu me sinto assim. Nada disso nunca terá acontecido. Finja que não é o seu problema e não reaja. Não fique triste; você bem sabe que adultos são essa mistura de tristezas e incertezas. Será que eu vou conseguir descansar? Esquecer deve servir pra alguma coisa. Não lembrarei qual é a rua da minha escola. Não saberei onde fica minha casa. Esquecerei tudo o que aconteceu entre a gente. Irei esquecer meu nome. Será que um dia vou me esquecer de viver? Meu irmão nunca esquecia meu aniversário. Quando tudo acabar, quem serei? Estou perdendo. O primeiro beijo, a primeira nota vermelha. Tudo vai sumindo. Os nomes, as datas, os lugares. Não posso perder a hora. O tempo é como um fogo que feroz engole tudo, deixa cinzas, migalhas, restos, me escuta. As memórias pouco a pouco deixam de ser.
Ah mãe, que saudades do seu carinho. Os cheiros, os gostos. Sumindo. Você se lembra de como é nascer? Deve ser estranho lembrar tudo, muita informação, muito pra uma cabeça só. Tanta coisa sem sentido; quantas fórmulas que não formaram nada. Como mágica, somem pessoas. As mais distantes não consigo segurar. Professores antigos, antigos amores. Lá se vão minhas dores! Será que foram elas minhas grandes formadoras? Já é natal? Preciso comprar presentes. Recordações, orações, deixam de ser passado. Não posso ter futuro. Vó, aquele seu assado! Eu não sou perfeito. Sou apenas alguém procurando a paz.
Amanhã é um novo dia. Espero que se lembrem de mim, eu já não sei quem sou. Qual era a música da nossa primeira dança? Eu teria sido um grande homem. A vida é curta demais pra se preocupar com coisas pequenas. Teria dado um médico fantástico. Qual é mesmo meu nome? Eu queria me lembrar do meu pai. Quanto tempo faz? Ralar o joelho dói. Porque tanto branco deixa tudo escuro? Aonde você foi? A praia é tão fria no inverno. Aonde eu fui? Eu acordo com você perto. Seu cheiro é gostoso, tem gosto de morango. Lembre-se desse dia. Me abraça. Assim que os sonhos deveriam ser... Eu só queria ficar. Eu só queria manter esse sonho em mim. Acorda, é hora de levantar! E tudo que fizemos de errado ainda não aconteceu, acorda. Apagando-se. Aonde foram todos? Prometa. Pela manhã lembre-se de quem eu fui. Onde eu to? Mamãe? Eu não vou mais fazer isso. Não quero dormir ainda. Desliga. Me ajuda. Por favor. Eu quero parar. Não! Medo. Acorda. Nunca... vou... deixar... amar... você... e... t... a...
Amigos, eu nunca mais vou ligar. Eu não lembrarei seus telefones, não lembrarei seus nomes. Não lembrarei seus rostos. Caminharei na rua, a ao nos vermos, continuarei meu caminho. Seremos estranhos. Às vezes somos estranhos para nós mesmos, eu me sinto assim. Nada disso nunca terá acontecido. Finja que não é o seu problema e não reaja. Não fique triste; você bem sabe que adultos são essa mistura de tristezas e incertezas. Será que eu vou conseguir descansar? Esquecer deve servir pra alguma coisa. Não lembrarei qual é a rua da minha escola. Não saberei onde fica minha casa. Esquecerei tudo o que aconteceu entre a gente. Irei esquecer meu nome. Será que um dia vou me esquecer de viver? Meu irmão nunca esquecia meu aniversário. Quando tudo acabar, quem serei? Estou perdendo. O primeiro beijo, a primeira nota vermelha. Tudo vai sumindo. Os nomes, as datas, os lugares. Não posso perder a hora. O tempo é como um fogo que feroz engole tudo, deixa cinzas, migalhas, restos, me escuta. As memórias pouco a pouco deixam de ser.
Ah mãe, que saudades do seu carinho. Os cheiros, os gostos. Sumindo. Você se lembra de como é nascer? Deve ser estranho lembrar tudo, muita informação, muito pra uma cabeça só. Tanta coisa sem sentido; quantas fórmulas que não formaram nada. Como mágica, somem pessoas. As mais distantes não consigo segurar. Professores antigos, antigos amores. Lá se vão minhas dores! Será que foram elas minhas grandes formadoras? Já é natal? Preciso comprar presentes. Recordações, orações, deixam de ser passado. Não posso ter futuro. Vó, aquele seu assado! Eu não sou perfeito. Sou apenas alguém procurando a paz.
Amanhã é um novo dia. Espero que se lembrem de mim, eu já não sei quem sou. Qual era a música da nossa primeira dança? Eu teria sido um grande homem. A vida é curta demais pra se preocupar com coisas pequenas. Teria dado um médico fantástico. Qual é mesmo meu nome? Eu queria me lembrar do meu pai. Quanto tempo faz? Ralar o joelho dói. Porque tanto branco deixa tudo escuro? Aonde você foi? A praia é tão fria no inverno. Aonde eu fui? Eu acordo com você perto. Seu cheiro é gostoso, tem gosto de morango. Lembre-se desse dia. Me abraça. Assim que os sonhos deveriam ser... Eu só queria ficar. Eu só queria manter esse sonho em mim. Acorda, é hora de levantar! E tudo que fizemos de errado ainda não aconteceu, acorda. Apagando-se. Aonde foram todos? Prometa. Pela manhã lembre-se de quem eu fui. Onde eu to? Mamãe? Eu não vou mais fazer isso. Não quero dormir ainda. Desliga. Me ajuda. Por favor. Eu quero parar. Não! Medo. Acorda. Nunca... vou... deixar... amar... você... e... t... a...
