sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Poema do Fim


Na imersão total permaneço,
Nesse mar de frustração gelada
Busco um futuro que esqueço
Relembro a dança terminada

Estou sangrando. Ferido,
Perco poucos de mim, vazo
Torno-me errante, perdido
Deixo de ser, torno-me razo

Entre os dedos me escapa o nome
Da lembrança só resta ausência
Lá vai meu eu que some
Sofro de hemorragia da essência

Choro lágrimas de pedra e gelo
Sangro, e o sangue vem da origem
Eis que até a cor de seu cabelo
Esqueço e some na vertigem

Nesse mar continuo, duro e me vou
Vou afundando, eterno túmulo e cama
Estou respirando, mas não vivo. Sou
Coração que sangra, mas não ama.